quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Numb...

Hoje, pela primeira vez de uma forma mais consciente, percebi que a hipótese de engravidar e ter um filho é mesmo muito, mas mesmo muito remota... 

O meu endométrio tem algum problema, não tem qualidade, mas não se sabe o quê nem o porquê, mas o Dr. C. acha mesmo que, dado o meu historial até aqui, o 'mau da fita' (como ele lhe chamou) é o endométrio. É ele que impede que haja implantação e foi ele que não teve capacidade para manter a minha gravidez. Tive de me controlar muito para não chorar com o Dr. C. enquanto ele falava!

Apesar disto tudo, este ciclo ainda não está cancelado... Percebi hoje que este é um ciclo natural modificado, isto é, com ajuda de medicação. No entanto, hoje, 14º dia do ciclo, o meu 'amigo' ainda só tem 5 mm de espessura! É certo que o folículo dominante está a crescer, mas ainda não está na fase ovulatória, isto é, ainda pode fazer o seu trabalho e engrossar o endométrio (só que não). Tenho de manter o Estrofem duas vezes por dia e hoje iniciei o estradiol em pensos transdérmicos e regressar na 2ª feira para ver o estrago. Não tenho literalmente nenhumas expectativas em relação a este ciclo, sei que vai ser cancelado e não sei o que fazer a partir daí. 

Aliás, não sei o que fazer, ponto. Sinto-me dormente, vazia. Acho que a única vez que me senti assim foi quando soube que o 2º coração dentro de mim tinha deixado de bater. 



Talvez amanhã e os próximos dias sejam melhores e me ajudem a olhar para as coisas de uma outra perspectiva, como se houvesse uma solução... 

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

E agora?

Gostava mesmo, mas mesmo mesmo muito que tudo corresse bem no que diz respeito à minha vida vida ginecológica... Mas é mais ou menos como quando sabemos que não podemos comer, é quando temos mais fome! Quanto mais eu quero que tudo corra bem, é quando tudo corre pior... 

Telefonei ao Dr. C. na 6ª feira, que me marcou consulta para a próxima 5ª feira, dia 15. Indicou manter os 2 comprimidos de Estrofem por dia e o ácido fólico. Mas (tinha de haver um mas, claro!) ainda mantenho um corrimento em pouquinha quantidade, mas que existe, de coloração bege muito clarinho! 

E agora? Será que isto significa que o endométrio não está a engrossar? O que é que significa? 
Estou a começar ficar cansada, mesmo muito cansada de haver sempre alguma coisa que não permita que tudo corra como devia de ser... É verdade que não faço a mínima ideia do que vai aqui por dentro, mas a sensação e o pressentimento que tenho é que não vai nada bem... O ambiente dentro do meu útero deve ser bastante hostil, tipo cenário de guerra! 

Let's just wait and see... 




quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Se não fosse assim, não era a minha história!

Já tinha dito que a minha menstruação estava muito estranha... Pois bem, não era menstruação, era só um spotting mais abundante, sendo que a menstruação mesmo só chegou em força e nas suas características habituais na última sexta-feira, dia 2. Telefonei ao Dr. C. na a 5ª feira para lhe tentar explicar o que estava a acontecer, ao que ele disse logo que a menstruação em si ainda iria vir e assim foi... sexta-feira lá estava ela! Não fui à consulta, claro, mas ele mandou-me não parar o Estrofem. Continuei a tomar e tenho indicação de lhe ligar quando já não houver mais vestígios de sangue por estes lados, o que está mesmo para acontecer... A minha menstruação sempre foi muito abundante e é tipo pilhas Duracell... dura, dura, dura... às vezes perco sangue até ao 14º dia do ciclo! 

Mas enfim... parece (e quando digo parece, estou a rezar muito muito muito para que assim seja) que já está mesmo a terminar. Bem, chega de falar de hemorragias!!!! 

Portanto, amanhã ligo-lhe! Estou a tomar o Estrofem 2 vezes por dia, um de manhã e um à noite. Estou curiosa com o que ele vai dizer, mas também apreensiva! E se ele achar que afinal não se deve fazer este mês, porque vai calhar ali perto do Natal? E se o meu endométrio não corresponder, como já é o seu costume? E se...? E se...? 

Detesto a incerteza, detesto não ter um plano que possa cumprir e seguir à risca e ele funcionar... Plano eu até tenho, ele normalmente vai é sendo alterado dia a dia, conforme o meu rico útero quer e bem entende... 

Ando com a cabeça ocupada, porque voltei a estudar... E trabalhar e estudar ao mesmo tempo, não é fácil! Há dias que penso mesmo: 'Onde é que eu estava com a cabeça quando me lembrei disto??'. Mas pronto, é por um bem maior e é só um ano, passa num instante! Digo eu... 

Mesmo assim, esta parte da minha vida sobrepõe-se e mesmo com um milhão de coisas para pensar e estudar e organizar e trabalhos e frequências, penso inúmeras vezes nisto e ainda mexe muito comigo! Por muito que eu me esforce para que isso não aconteça, por muito que eu me obrigue a esquecer um bocadinho... 




Posso gritar só um bocadinho? 

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Novo ciclo?

Após longos dias de espera pela tão esperada 'hemorragia de privação' (já estava a desesperar), eis que ela deu o ar da sua graça! Iniciei o Estrofem logo no primeiro dia e marquei consulta, que será na próxima sexta-feira, dia 2. 

Não tenho um bom pressentimento. Não consigo explicar porquê, mas não tenho conseguido pensar positivo... Está a ser e vai continuar a ser um ciclo estranho, porque não é bem natural, mas também não é artificial. Não há forma de o classificar... E acho que é assim que me sinto... Não me consigo classificar! 


A 'hemorragia de privação' está a ser muito estranha, muito menos abundante, mas ora quase que parece que está a terminar, ora volta novamente! Queria fechar os olhos e acordar na sexta-feira! E mesmo assim, se calhar ia querer continuar com os olhos fechados! 

Para compensar, chegou a minha época preferida... o Natal! Gosto mesmo muito do Natal e dou muito valor ao facto de ser uma altura de dar, de agradecer, de amor, de carinho, de magia! Sou católica, mas já não vou à missa há muito tempo! Mesmo assim, acredito nos valores que transparecem da religião para esta época! Por mim, era Natal o ano todo!! Vou tentar agarrar-me a isto, para me tentar manter positiva e pacificamente à espera do que há-de vir! 





Sem me querer tornar repetitiva, um dia de cada vez... 

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Ciclo cancelado

Pois é... eu bem me parecia que estava tudo a correr bem e que não podia ser verdade! Estou no 18º dia do ciclo e o meu endométrio cada vez está a ficar mais fino... em vez de estar a engrossar, está a ficar mais fino! Até ao dia de hoje ainda estou com corrimento acastanhado, o que nunca aconteceu... nem com nem sem Decapeptyl. 

Eu bem tentei ser positiva, deixar as coisas andarem e aceitar como são, mas não posso mentir e dizer que não fui ficando cada vez mais triste e desanimada... há dois dias atrás comecei a preparar-me para este veredicto. Assim hoje já não foi tão difícil ouvi-lo dizer que com este endométrio não ia desperdiçar um ou dois embriões, só porque ainda tenho 14. Também ouvi que, se ele preparasse um endométrio bom de uma mulher de 60 anos e colocasse um dos meus embriões, era tiro e queda e gravidez certa! Ao que eu respondi: 'Isso só acontece em pessoas normais, não em mim!'

Estou agora a tomar medicação para provocar uma 'menstruação' (hemorragia de privação) e no primeiro dia voltar a iniciar o Estrofem. Vai ser um ciclo mais ou menos natural! Aparentemente o Decapeptyl tem uma acção de cerca de 40 dias, o que está quase quase a terminar. 

Por muito que eu não queira, por muito que eu me obrigue, acabo sempre por ter expectativas em relação a cada ciclo, a cada consulta. E a cada uma delas foi uma desilusão atrás de outra. 

Mas eu sou teimosa e não vai ser isto que me vai derrubar! Até hoje, na minha vida, sempre tive de lutar pelo que quis e, até hoje, sempre consegui! Por isso, neste grande sonho da minha vida não vai ser diferente! Vou lutar até ao fim, até que as forças me faltem, até que me falte o ar! 

Como diz a Mariza: 'algo que me diz que a tormenta passará!'. 





sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Nunca nada pode ser fácil...

Gostava de ser como aquelas pessoas que quando querem ou desejam uma coisa, as estrelas e os astros alinham-se para que tudo corra bem e na perfeição... Bem sei que isso é caso raro, mas vejo muitos casos onde isso acontece...

No meu local de trabalho, todas as pessoas que tiveram de passar por um processo de PMA e fazer uma FIV, ICSI ou IIU (até agora foram 7 pessoas, se não me esqueço de ninguém), só uma delas conseguiu engravidar e ter um filho na 2ª tentativa. Todas as outras conseguiram à primeira!!!! Ora, no meu universo, isto é maioria absoluta!! Faz tudo parecer tão fácil e como se fosse um processo simples, em que apenas é preciso cumprir as regras... Ainda ouço, hoje, por parte de algumas pessoas, que o segredo é relaxar, ir de férias ou fazer o pino! 

Esta é uma situação que eu não consigo deixar de ficar triste, por muito que me esforce e obrigue a não ficar... Parece que só eu é que sou a ave rara, a pessoa difícil, a infértil... Sim, porque, se toda a gente consegue porque é que tu não consegues?!
É um esforço sobre-humano todos os dias... Apesar de já ter sido muito mais difícil para mim lidar com isto, ainda fico triste quando penso nisto! Comigo nada é assim tão fácil...

Ontem, na consulta, o meu endométrio voltou a fazer das suas... ao 13º dia do ciclo, ainda não engrossou o suficiente, nem está bem definido... mais uns dias de Estrofem oral e iniciei o estradiol em pensos transdérmicos para ajudar a que o gajo se decida a pôr-se bonito para a festa! Não posso mentir e dizer que não fiquei triste, porque fiquei... 

Mas, felizmente, o meu J. é o meu pêndulo, a minha força e a razão pela qual eu luto todos os dias! Ele não pode ir à consulta, mas no fim da consulta, depois de falar com ele, voltei a olhar para todo este processo como um: 'É o que tiver de ser! Não adianta chorar, nem gritar, nem desanimar... O meu controlo é zero sobre isto! Um dia de cada vez e vamos ver o que dá... Se não der, ninguém vai morrer! Ainda estamos aqui para lutar!' Claro que depois, uma boa sessão de compras no shopping, risos e sorrisos com a minha melhor amiga também ajudou! 





Um dia de cada vez... um dia tudo se vai encaixar (espero eu!). 

sábado, 29 de outubro de 2016

Thankful


Não sou uma pessoa muito estável... ora tudo me irrita, ora nada me afecta! Não sou bipolar, nem nada que se pareça, mas às vezes tenho estas oscilações em etapas da minha vida... Tenho dias que até quando uma pessoa que eu não me dou tão bem me diz olá, já fico irritada! 

Agora estou numa fase de calma, de paciência, ponderação e de bem com tudo! E gosto... Queria que fosse sempre assim! 

Gosto de ter a cabeça ocupada e ter muito em que pensar e muito que fazer, para não me permitir a ter pensamentos negativos e tristes... Gosto de agradecer todas as coisas boas, as pessoas boas, os pequenos pormenores, as pequenas conquistas... Claro que tenho momentos em que fico mais triste, mas tento obrigar-me ao máximo a que isso não aconteça e obrigar-me a ver sempre algo de positivo na situação... pensar que tudo acontece por uma razão!

Quando fui à consulta ontem ver como se estava a portar o meu rico endométrio, ao 8º dia do ciclo, ele deu-me uma boa surpresa e estava a ficar bem bonitinho! Não me quero entusiasmar, nem fazer a festa, porque ele já me deu muitas desilusões... Quero ir um dia de cada vez e não pensar muito nisto! É o que tiver de ser... 

Vou fazer tudo o que puder para que a TEC corra bem, mas eu só tenho controlo sobre, diria eu, 2% do sucesso! Por isso, vou obrigar-me a manter esta fase calma e viver um dia de cada vez e agradecer o que vier (mais uma vez, note to self: ler este post todos os dias!).










segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Waiting...

Sou uma pessoa apressada... Não gosto de esperar, nem gosto que me deixem à espera... Sou impulsiva! Muitas vezes falo sem pensar e digo coisas que não quero dizer, faço coisas que não devia! 

É certo que a infertilidade me ensinou (ou melhor dizendo, obrigou) a saber esperar! Mas ainda não sou aluna de 20's... ainda devo estar ali nos 15's. Estou ainda a aprender a ser mais calma, mais ponderada. Tento ser uma aluna aplicada! No entanto, tenho dias em que me apetece gritar alto e dizer que estou farta de tanto me aplicar, sem resultados... 

Por esta altura, se não tivesse tomado o Decapeptyl, já teria menstruado... Mas claro, nada pode correr naturalmente e, portanto, zero de  menstruação! É triste uma pessoa passar meses e meses a fio a desejar que o período não apareça e, nestas situações, querer que ele apareça o mais rápido possível! Ironia do destino, fucked up karma, ou o que quiserem chamar! Ele vai aparecer, eu sei, um dia mais cedo ou um dia mais tarde.

Já tive de ler o post anterior algumas vezes e ele faz sentido, por isso é realmente a única coisa que posso fazer agora... Esperar! 

E acreditar... 



E confiar que um dia (sabe-se lá quando) vai correr bem! 

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Come what may

Ontem, quando saí da consulta, pensei e disse para mim mesmo... 'Ana, aceita o que vier...seja o que for, aceita! Confia, acredita...!' (Nota mental: vir todos os dias ler este post!)

O meu endométrio, para 17º dia do ciclo, tinha uns míseros 8,3 mm e um folículo mais ou menos dominante, mas relativamente pequeno. Portanto, não restaram dúvidas a ninguém... marquei encontro para sábado com o meu amigo Decapeptyl! Para além disso, fiz escarificação do endométrio e biópsia, para datagem e saber se não há mais algum problema com o meu querido revestimento uterino. 

A escarificação do endométrio, no ciclo anterior à transferência, está comprovada cientificamente que aumenta as probabilidades de implantação. Consiste em 'arranhar' com uma pinça vários locais do endométrio, de maneira a ele 'reagir' e se regenerar (não sei bem explicar o mecanismo e o que faz com que aumente as probabilidades de implantação, mas sei que está comprovada em vários artigos). A única coisa que sei é que não é muito bonito, nem pouco doloroso. Já o fiz três vezes, mas enfim... os meios justificam o fim! 

Assim, no primeiro dia da próxima menstruação inicia-se mais um ciclo de TEC, que desejo mais do que tudo que seja A TEC. Mas as minhas palavras estão cada vez mais a entranhar-se no meu cérebro e aqui quero que fiquem... Aceito o que vier, seja o que for! Mesmo que eu não goste, mesmo que não seja nada do que eu desejo ou quero, mesmo que sejam adversidades e mais uma luta... Aceito!




Come what may!


terça-feira, 4 de outubro de 2016

Nova consulta

Este ciclo, que se iniciou em Setembro, vai servir para o Dr. C. ver como reage o meu endométrio e os meus ovários num ciclo normal e sem qualquer tipo de medicação. Conforme os 'senhores' se portarem, ele decide como vai fazer a preparação do endométrio para a nova TEC. 

Por um lado temos o ciclo natural modificado... honestamente o meu preferido! O ciclo é natural, deixa-se que o ovário produza um folículo e o seu óvulo, o endométrio consequentemente vai engrossando e só se toma medicação para ter a certeza do dia da ovulação e, se for necessário, para aumentar a espessura do endométrio. Este foi o método que levou à minha gravidez 'real' e à bioquímica. Acho que é por esta razão que é o meu preferido! 

Por outro lado, o preferido do Dr. C. é o ciclo artificial/medicado or what so ever. E, racionalmente, tem lógica... é uma forma controlada de preparação e em que ele decide o que, como e quando quer fazer, sem ter de se preocupar com pequenos ou grandes caprichos que os meus ovários e útero ousem ter! 

Eu não gosto do Decapeptyl... não me perguntem porquê, mas não gosto dele! Mas confio a 100% no Dr. C.! Se ele me disser que eu tenho de nadar todos os dias 30 piscinas olímpicas em mariposa para conseguir ter o meu pequeno milagre, eu mando construir uma piscina cá em casa! 

Na primeira consulta, há 1 semana atrás, com 10 dias de ciclo, palavras dele, o meu endométrio era zero e não havia nenhum folículo dominante! Amanhã tenho nova consulta e vai ser o dia da decisão de fazer ou não o Decapeptyl. 







sábado, 1 de outubro de 2016

Journey of mine - finally part 3

Fiz nova FIV com o Dr. C., a minha segunda,mas a primeira com ele, em Fevereiro de 2016. Trinta e cinco ovócitos colhidos, quinze embriões congelados, todos de óptima qualidade, segundo a bióloga. Por risco do Síndrome de Hiperestimulação, não fiz transferência nesse ciclo. Ainda bem, porque tive uma hemorragia brutal, em que pensei que ia ficar sem pinguinha de sangue a correr-me nas veias. 


Em Junho decidimos então fazer a primeira TEC de um dos nossos 15 pimpolhos congeladinhos. A decisão de ser apenas transferido um pimpolho foi do Dr. C., que disse que a probabilidade de gravidez gemelar era elevada, dado que os embriões têm tão boa qualidade. Mais uma vez, e apesar de todas as expectativas (minhas e da equipa médica), mais um negativo!


Em Outubro, caso tudo corra bem, irei iniciar o processo para mais uma TEC... a sétima tentativa! E quando digo isto, assusto-me. Por ser a sétima, por ter de fazer tudo outra vez, passos, medicação, consultas e, essencialmente, ansiedades que eu já conheço de cor e salteado. Não tenho as mesmas expectativas e olho para esta TEC de forma diferente... Seja o que for, sinta o que sentir, não tenho controlo absolutamente nenhum sobre o resultado. Seja o que tiver de ser!



Eu sei... eu sei que tenho sorte de já ter tido duas implantações (apesar de uma ter sido bioquímica), de ter 'inúmeros' embriões e de óptima qualidade (a maior parte são blastocistos AA), de termos saúde para além da infertilidade, mas a verdade é que, at the end of the day, em nossa casa continuamos a ser dois. Apesar de todos as adversidades, somos felizes, muito felizes, e o meu J. é o meu maior pilar, que me diz inúmeras vezes que é feliz só comigo e que pode aguentar tudo o que vier, menos que eu lhe falte. Há uma música que me toca muito e que diz muito do nosso percurso, da Andra Day, a 'Rise Up', que diz que nos erguemos, animamos, movemos montanhas milhares de vezes um pelo outro, mesmo que a dor e o cansaço tomem conta de nós e até respirar seja difícil. 'And for that we have each other!'





O meu caminho até aqui foi tortuoso e com muiiiiiiitos dias muiiiiiito difíceis, mas (ainda) não perdi a esperança! Ainda acredito que, um dia, mais cedo ou mais tarde, vou ter o meu pequenino milagre!

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Journey of mine - part 2

Depois da notícia mais arrepiante, os médicos do hospital decidiram que deveriam fazer uma biópsia do meu pequenino embrião, de forma a tentar perceber o que teria acontecido, tendo em conta que já tinha 10 semanas e tinha sido uma FIV. 

No dia 10 de Fevereiro cheguei ao hospital e ouvi de tudo, incluindo uma médica que me disse que talvez fossem gémeos. Enfim... Eu não era eu, era só um corpo que desejava que aquilo fosse tudo um grande e horrível pesadelo. Nunca me deram anestesia para nada, mas eu parecia anestesiada, dormente. 




Depois de ter feito a medicação para a 'expulsão' (detesto esta palavra) do maior milagre da minha vida, vim para casa no dia seguinte sofrer as dores físicas e psicológicas. Quando, uma semana depois, fui fazer o controle, o meu karma ainda não estava contente e resolveu deixar-me de presente um grande abcesso no ovário direito. Fiquei internada uma semana a fazer antibióticos endovenosos e fizeram-me a drenagem do meu 'amigo' no local mais frio e assustador de sempre, sem qualquer tipo de anestesia. No hospital nunca me souberam dizer a causa desta situação, mas eram sempre muito vagos e tentavam sempre fugir do assunto. Os médicos sempre me trataram com muita frieza e como se toda a minha situação fosse como ir ali ao pão e vir já. Eu compreendo que não podiam chorar comigo, mas um bocadinho de empatia não lhes ficava nada mal!

Após isto, resolvi deixar-me de hospitais públicos e agarrar-me com todas as forças ao meu médico de confiança e perder o amor ao dinheiro por um amor maior que ainda irá chegar. Mal lhe contei a minha história hospitalar, ele disse logo que a causa do abcesso tinha sido a biópsia do embrião (que, por sinal, não deu resultado nenhum porque a quantidade de DNA foi insuficiente), em que após a terem feito, deveriam ter feito antibiótico de profilaxia. Long story short, fiquei com um endometrioma no ovário direito que demorou meses a desaparecer!

Como ainda tinha 4 embriões congelados no público, o Dr. C. achou que deveria fazer mais estas tentativas antes de partir para uma nova FIV com ele. Resultado: uma gravidez bioquímica e um negativo. 

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Journey of mine - part 1

Costumo dizer que o meu passado ginecológico é muito atribulado. 

Começou em 2004, tinha eu 20 anos. Fui operada a uma 'laranja' (como a minha médica, na altura, lhe chamou), vulgo quisto no ovário direito. A partir daí, foi uma montanha russa com mais descidas do que subidas e muito menos adrenalina que as montanhas russas normais. 

Descobri que, durante o meu crescimento ainda no útero da minha mãe, o meu próprio útero manteve-se dividido por um septo e que o dividia em duas partes semelhantes, o que levou a uma nova cirurgia. 

Em 2010 começou a minha jornada pela (in)fertilidade. Após 2 anos de tentativas sem sucesso, em 2012, mais uma cirurgia de remoção de um novo quisto no ovário, drilling ovárico e, para a minha maior surpresa, o septo uterino que ainda se mantinha. Segundo o médico, que é o meu ginecologista actual, na primeira cirurgia não tinham retirado septo nenhum!! 

Nesta cirurgia descobri que as hipóteses de engravidar naturalmente eram mais ou menos de 1%... As minhas trompas estavam muito danificadas devido a todas as cirurgias anteriores e consequentes aderências a todos os lados e mais alguns da minha querida barriguinha! Como se não bastasse, descobri também que tenho uma 'amiga' para a vida: a endometriose. 

No início de 2014 fiz a minha primeira FIV, num hospital público, que resultou em 15 embriões e num síndrome de hiperestimulação ovárica!! Fiz a minha primeira transferência em Março, que foi negativa. A segunda em Julho, negativa. 

A terceira em Dezembro... e foi positiva! Foi das maiores alegrias da minha vida até hoje! A ansiedade era imensa, mas correu tudo muito bem até ao dia 5 de Fevereiro de 2015 quando me disseram que às 10 semanas o coração do meu pequenino bebé tinha parado de bater. Vim da maior alegria ao maior desespero em segundos. Depois de tanto tempo e tanto sofrimento, tinha perdido tudo! 


quinta-feira, 22 de setembro de 2016

First things first

Ontem li que a infertilidade era um submundo.





É a maior verdade que já ouvi nestes últimos 6 anos a viver dentro deste submundo. As pessoas com quem convivemos, salvo raras excepções, não gostam de ouvir as 'tragédias' pelas quais passamos. São todas solidárias e simpáticas, algumas até empáticas, mas não gostam deste tema. Aliás, nem eu gosto! As pessoas com quem falo sobre isto são muito poucas e aquelas com quem sou obrigada a falar... são aquelas que eu tenho a certeza que não me julgam, que não sentem pena de mim e da nossa situação.

É o que eu mais detesto...que tenham pena de mim! Por isso prefiro não falar e guardar para nós as mágoas, as lágrimas, as derrotas, mas também as esperanças e as pequenas vitórias.

Mas quem caminha por este tortuoso trilho sabe que chega a um ponto que procuramos algum conforto em desabafar com quem está a passar ou já passou por um processo semelhante. Mesmo que ninguém me leia, não faz mal... nunca fez mal a ninguém expressar aquilo que vai cá dentro!

Por isso... a viagem do desabafo em acreditar em pequenos milagres começa aqui!